RACING CAMPEÃO SULAMERICANA 2024

 

GRANDE DIA CHEGOU : O RESSURGIMENTO DE CRUZEIRO E RACING


Vimos nesse sábado (23), a grande vitória do Racing sobre o Cruzeiro , na final da Sulamericana. Ambas as equipes passaram por momentos dificeis. O Cruzeiro quase faliu e o Racing chegou a vias de fato. Vamos entender essa história e entender como deram a volta por cima. 


CRUZEIRO



Vamos retornar ao ano de 2019. O Cruzeiro tinha no elenco um baita time, com jogadores como Fábio, Thiago Neves, Lucas Silva, entre outros, que seriam facilmente titulares em qualquer equipe do Brasil. No entanto, os ambientes internos e externos não facilitaram em nada a vida do time. Pelo contrário, o Cruzeiro acabou sendo rebaixado pela primeira vez.

Logo após esse rebaixamento, ao longo dos meses de 2020, foram descobertos diversos problemas financeiros causados pela diretoria, que incluíam gastos com “locais de divertimento masculino na Europa”.

O time ficou quebrado financeiramente, à beira de decretar falência. Cogitou-se até refundar o clube, mudando o CNPJ, o que o rebaixaria até a quarta divisão do Brasil para reconstruir tudo do zero, algo semelhante ao que aconteceu com o Rangers, da Escócia.


A situação em 2020 piorou muito. No Campeonato Mineiro, o Cruzeiro ficou na quinta colocação, fora do G4. Na Copa do Brasil, mais um vexame: foi eliminado pelo CRB na terceira fase. No Campeonato Brasileiro da Série B, passou longe da classificação e, na verdade, flertou com o rebaixamento, chegando a se ver muito ameaçado. Em meio a isso, a crise financeira só aumentava.

Afundado em dívidas, o clube precisava de uma solução urgente. Em 2021, o time chegou às semifinais do Campeonato Mineiro. Na Copa do Brasil, alcançou as oitavas de final, sendo eliminado pelo Fluminense. Na Série B do Brasileiro, havia certa confiança, pois, apesar da crise, havia feito campanhas dignas. No entanto, o choque de realidade foi duro: o time ficou ainda mais perto do rebaixamento em comparação com o ano anterior, lutando ponto a ponto para não cair para a terceira divisão.

O clube parecia estar à beira do colapso, até que um “salvador surgiu”: Ronaldo Fenômeno!

O ex-jogador Ronaldo Nazário comprou o Cruzeiro em 18 de dezembro de 2021, com a intermediação da XP Investimentos, e, a partir desse momento, os ares do Cruzeiro começaram a melhorar. Desde então, o time voltou à Série A com o título da Série B, fez campanhas dignas nos campeonatos e, este ano, disputa a Sul-Americana — e está na final.

Para um gigante como o Cruzeiro, chegar a uma final de Sul-Americana pode parecer pouco em comparação com as vastas conquistas de uma história grandiosa. No entanto, em um momento de recuperação do clube, após quase fechar as portas, alcançar um título internacional é motivo de celebração. Assim como a fênix que morre e de suas cinzas levanta voo, o Cruzeiro ressurge das cinzas e volta aos holofotes da América.

È claro que o time ainda precisa melhorar muito para voltar aos velhos tempos, mas esse ano no Brasileiro já deu sinais que os ventos bons voltaram que voltou a ser o grande rival do Galo e que sim, vai voltar a brigar por títulos nos próximos anos.

O Cruzeiro está classificado para a final da Sulamericana e enfrenta o  Racing da Argentina.

RACING

Aqui, não trataremos de qualquer clube argentino, um time pequeno. Estamos escrevendo sobre um gigante hermano: um clube gigantesco que quase fechou as portas, decretou falência e foi salvo pelo amor de seus torcedores.

Fundado em 1903, o clube teve seu auge de conquistas nos anos 60, quando levou para casa o troféu da Libertadores, o Campeonato Mundial e dois campeonatos argentinos. Dono de 18 troféus locais, o “El Primer Grande” sempre esteve disputando títulos e brigando entre os grandes da Argentina. No entanto, os anos 90 foram cruéis para o clube.

Assim como tantos clubes brasileiros daquela década, o Racing foi vítima de péssimas administrações de seus cartolas, em especial Daniel Lalín, presidente do clube entre 1997 e 1999. Sob grave crise financeira, Lalín chegou ao absurdo de promover uma sessão de exorcismo para afastar “os maus espíritos” do clube, em vez de implementar um plano de reestruturação financeira.

Daniel Lalín 

Fazendo um recorte temporal apenas pelos anos 90, os momentos em que o Racing brigou pelo título foram raros:

1990 - 13º

1991 - 13º

1992 - 16º

1993 - 14º

1994 - 6º (uma posição até surpreendente)

1995 - 8º

1996 - 4º (outra campanha surpreendente, dada a situação do time)

1997 - 6º

1998 - 15º

1999 - 6º


Mesmo com algumas boas posições nos últimos anos da década, o clube não esteve diretamente na luta pelos títulos. Além disso, conviveu com administrações que desviavam recursos, colocavam jogadores abaixo do nível esperado e sucateavam sua infraestrutura.

Mas chegamos ao fatídico ano de 1999.


O DIA MAIS TRISTE ...

Em 10 de julho de 1998, o mundo assistiu à morte de um clube gigantesco. Lalín decretou a bancarrota do Racing, ou seja, sua falência, alegando que essa era a única forma de o clube sobreviver. No entanto, no fatídico 4 de março de 1999, a Câmara de Apelações de La Plata determinou a liquidação imediata do time. O Racing Club de Avellaneda, o “Primeiro Grande”, estava oficialmente dissolvido.

Lalín tentou, de alguma forma, se pronunciar diante de torcedores irritados e incrédulos, buscando justificar suas ações e minimizar os danos. Em resposta, recebeu apenas xingamentos e agressões. A tensão chegou a tal ponto que sofreu um ataque: um bumbo foi arremessado contra seu rosto, estilhaçando seus óculos. O clima era de protestos, raiva e desespero — algo compreensível, dado o impacto da notícia.

Três dias após a falência, o Racing tinha um jogo marcado pelo Campeonato Argentino (Clausura) contra o Talleres. Obviamente, a partida não pôde ser realizada. Um dos times havia deixado de existir.

Mas o Racing conta com uma das torcidas mais apaixonadas da Argentina, e foi nesse momento que demonstraram todo o seu amor. No mesmo dia do decreto de falência, cerca de 30 mil fanáticos se recusaram a aceitar a "morte" do clube. Esses torcedores marcharam em direção ao Estádio Presidente Perón, casa do Racing. Eles não foram para assistir à partida contra o Talleres, mas sim para manifestar todo o seu amor pelo clube. A mensagem era clara: "Se os dirigentes roubaram, que eles paguem, mas o Racing não morrerá!"

O dia 7 de março de 1999 ficou conhecido como “El Día del Hincha de Racing” e marcou o renascimento da instituição. Após tamanha demonstração de amor, a Câmara de Apelações revogou a decisão de dissolução e permitiu que o clube se transformasse em uma empresa, a Blanquiceleste S.A., com o objetivo de saldar suas dívidas em um período de 10 anos. O Racing estava salvo. De forma inacreditável, 15 mil torcedores de La Academia — como o clube é carinhosamente chamado — participaram desse “ato de fé”.

Como só os deuses do futebol podem explicar, dois anos após a solvência, o Racing voltava a ser campeão nacional (depois de 35 anos de jejum), em um dos piores momentos da história da Argentina, marcada pelo calote na dívida externa de 2001.

A final da Sulamericana representa a vitória do ressurgimento de ambos e que o futuro reserva coisas boas para ambos.

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